Minas Gerais é o tipo de lugar que você não precisa de desculpa para poder visitar. Apenas vá! Sou suspeita de dizer porque sou mineira.
Para início de prosa: para conhecer o lugar de onde você veio, apresente-o aos amigos de outros lugares. Você nem sabia que amava tanto!
Já passou por alguma experiência do tipo? Pois em Junho de 2015, um grande amigo carioca e eu coincidentemente tiramos férias juntos. E foi aí que entre um almoço e outro, planejamos nosso Mochilão Minas Gerais de Belo Horizonte, capital, rumo à Milho Verde, interior do norte mineiro.
Pra começar, Belo Horizonte.
Em BH, atazanados que somos, passamos os dias, e noites principalmente, na tradicional boemia que a cidade bem sabe produzir: o Edifício Arcângelo Maletta e os Mercados – Mercado Central, Mercado das Borboletas e Mercado Novo. Vou logo avisando: prepare-se para comer e beber muito. O requintado bar Maletta dos anos 50 e que também já foi ponto de encontro da turma do Clube da Esquina nos anos 70, hoje recebe de moradores à colecionadores loucos por uma velha novidade nos sebos, ou uma galera a fim de beber nas sacadas dos bares com vista para a Rua da Bahia ou escolher entre as opções de hamburguerias escondidas nas galeiras do edifício. No pulo aos mercados, Central e Novo, da para se jogar nos doces de panela, no doce de leite, no queijo e na goiabada, nas degustações de cachaça, no jiló com bife de fígado e cervejinha geladinha – Nó! Chega a dar saudade – ou cair em alguma festa ou show no Mercado das Borboletas.
De BH fomos para Inhotim.
É o maior museu a céu aberto da América Latina, situado na cidade de Brumadinho. É melhor se planejar, para não perder o horário restrito do ônibus que deixa a capital logo pela manhã, e retorna as 17h. Em poucas horas você estará no lugar que parece ser uma terra além ser humano, construída para fugir de tudo o que os seus sentidos já estão acostumados. A qualquer momento você pode ser surpreendido por uma obra em meio à Mata Atlântica, do tipo: ver uma árvore flutuar ou ouvir o som do centro da Terra. Nesse nível! O museu é muito grande, e logo na chegada você pode optar pela visita conduzida por um dos carrinhos que funcionam como um mini coletivo, de obra em obra, ou ir caminhando a pé, o que foi a nossa preferência. Outro ponto importante: se você não quiser gastar muito com comida, é melhor se antecipar e levar o seu próprio lanche. Uma vez preparados, agora é só aproveitar as obras de artistas como Adriana Varejão, Yayoi Kusama, Hélio Oiticica, Tunga, entre outros, sem contar os lagos que perdem de vista ou os troncos-bancos que valem um ótimo cochilo.
Nossa próxima parada foi Ouro Preto.
Ô Ouro Preto, dá aqui um abraço! O bom de apresentar Minas entre o mês de junho e julho para um amigo é que nesse período acontecem os melhores festivais das cidades, como o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana ou o CineOp – Festival de Cinema de Ouro Preto. Subir e descer ladeira é mato, no bom e velho mineirês, mas você acaba se acostumando. Como se acostuma também ao friozinho e às inúmeras casas de café e chocolate quente delicinhas da cidade. Aproveite ao máximo o que a história de Ouro Preto pode te oferecer, as igrejas, os museus, a arquitetura, a arte barroca, e você vai ver que “liberdade é o segundo nome de Minas”. Faça amizades com os vendedores, com os feirantes e com os donos dos restaurantes. É fácil panhar amor por mineiro. A noite, o fervo fica por conta do “Bar Barroco”, que tem a melhor coxinha e uma parede esperando seu nome e seu recado. Só não tivemos coragem ainda de beber o tal do combinado “Capeta do Capeta”, o qual me esbarrou pela segunda vez na vida, e passou direto, Graças a Deus – literalmente.
E de lá seguimos viagem para São João Del Rei e Tiradentes.
Você pode cruzar as duas cidades de carro ou ônibus, mas se eu fosse você faria esse passeio de Maria Fumaça. <3 Deixamos São João Del Rei se preparar para o Inverno Cultural UFSJ e fomos para a Estação Ferroviária, pegar a estrada. De ferro.
Tudo por lá é muito tranquilo. É recomendado chegar 20 minutos mais cedo, antes da hora do embarque, e não há complicações na estação. É escolher seu vagão e se despedir dos prédios de São João, rumo aos lugares mais bonitos de Minas Gerais.
À medida que a locomotiva vai se aproximando de Tiradentes, notamos a calmaria e quietude do lugar, onde o que mais fizemos foi ser matuto: fumamos nosso cigarro de palha e vimos a vida passar no alto da serra, ao pé da igreja. Vale o cochilo depois do almoço! Mas não por muito tempo pois, apesar de pequena, Tiradentes tem ótimos bares (e cachaças), ateliês, museus e paisagens incríveis cortando as ladeiras da cidade. Tiradentes é apaixonante o ano todo, mas é durante a Mostra de Cinema que você fecha parceria com ela pelo resto da vida. Se você puder conhecer o festival, vá! A cidade é tomada por cinéfilos e cineastas, turbilhando ideias e filmes em estréia ou pré-estreia. Enquanto éramos pacatos em Tiradentes, São João Del Rei se preparava para o seu Inverno Cultural UFSJ. Voltamos à cidade com os palcos quase completos e nos despedimos dela nos bares que circulam a catedral Nossa Senhora do Pilar.
De SJDR voltamos para Belo Horizonte, onde subimos para Milho Verde, com pausa em Montes Claros e Diamantina. Apesar das três últimas cidades serem distantes, o roteiro foi favorecido por aquele ditado, né? Mineiro tem parente espalhado por tudo quanto é canto. Vale a estadia!
E dá-lhe paisagem até chegar em Milho Verde.
O norte de Minas compreende a região do sertão, com estradas planas e rochosas, bem diferente de onde estávamos antes. O que tornou a viagem ainda mais interessante: pude apresentar e reaprender a andar por duas Minas Gerais bem diferentes e não menos maravilhosas.
Milho Verde é um pequeno distrito entre Serro e Diamantina. A vida por lá passa serena, entre um banho de cachoeira e outro de cascata, nunca nas mesmas quedas d’água. De repente você está tomando café na casa de algum morador ou comprando cachaça ou miçanga: prepare-se para comprar várias delas. Não deixe de visitar as capelas – uma delas estampou o vinil Caçador de Mim, do Milton Nascimento – ou de conhecer os campos de várzea da região.
O distrito esconde um mistério e um exoterismo o qual explicar é pouco, é preciso ir até lá e sentir o clima da região. As noites ficaram por conta dos Festivais Culturais: comidas típicas e música ao vivo em volta da fogueira, para esquentar o coração que bate por esse estado que é só amor.
Demais, né não?
Este post foi especialmente escrito pela mineira mais mineiramente carismática que tem, também conhecida como Juliana Senra.
E se você? Tá pensando em fazer uma viagem assim também? Então, olha aí um resumo do itinerário mineiro, com dicas especiais da Ju pra você. Lembrando: Minas é bom demais o ano inteiro, mas esse roteiro fica melhor ainda em junho e julho por causa do friozinho e dos eventos.
roteiro do Mochilão MG:
BH Boêmia – 3 noites
- Edifício Arcângelo, Bar Maletta, Mercado Central, Mercado das Borboletas e Mercado Novo.
- Prove: doces de panela, doce de leite, queijo com goiabada, degustações de cachaça, jiló com bife de fígado e cervejinha geladinha.
Inhotim, Brumadinho – 1 dia, bate-volta de BH
- Tem ônibus saindo da rodoviária de Belo Horizonte e da loja do Inhotim, na Savassi. Ida – 8h15, volta -17h30.
- Prepare-se para querer morar lá dentro. E leve seu lanche se não quiser gastar muito com comida.
Ouro Preto – 2 dias
- De dia, aproveite os museus, igrejas e a arquitetura da cidade. À noite deixe seu nome na parede do Bar Barreto, prove a melhor coxinha de Minas e faça um brinde com o Capeta do Capeta, se tiver coagem.
Tiradentes e São João Del Rei – 2 dias
- A Maria Fumaça é o jeito mais legal de fazer o trajeto entre uma cidade e outra.
- Caminhe sem pressa pelas ladeiras pra admirar a paisagem.
- Vale se planejar para aproveitar a Mostra de Cinema de Tiradentes e o Inverno Cultural UFSJ.
BH de novo – 1 dia
- Voltar pra capital é uma boa pra quem quiser seguir viagem pro outro lado de Minas, como fizemos.
Diamantina –
- Nossa passagem por Diamantina foi só pra almoçar e passear à toa pelo centro histórico, que é lindo. Mas a cidade merece uma visita mais longa, de dois dias pra mais. No site da prefeitura de Dimantina tem um lista bem completa dos pontos turísticos Clique aqui pra ver.
Milho Verde – 2 dias
- Tomar banho de cachoeira, visitar as capelas, curtir o Encontro Cultural e sentir o clima místico da região.
É isso! Beijo e boa viagem.
Se quiser continuar no clima de Minas e conhecer um hotel mineiro absolutamente espetacular, vem cá nesse post.
Ah! Logo, logo tem mais roteiros mineiros por aqui. 🙂